A vida não está fácil para as empresas analógicas. O desafio de tentar entender e incorporar os hábitos digitais das pessoas na sua estrutura é gigante. O comportamento é cada vez mais efêmero e, por isso, tão difícil de estudar, entender e aplicar.

A Rede Globo lançou uma campanha recente que mostra esse descompasso entre o que acontece na web e o que pensem e desejam seus diretores.

Estou falando da campanha Que Brasil você quer para o futuro?, na qual a emissora pede aos seus espectadores que enviem vídeos na horizontal.

Os principais jornalistas e apresentadores da Globo se engajaram na tentativa de conseguir os vídeos na horizontal. Olha só o Bonner.

Bonner pede que os vídeos sejam gravados na horizontal
Bonner pede que os vídeos sejam gravados na horizontal

Como você pode imaginar, a campanha gerou diversos memes nas redes sociais.

Qual o problema de tudo isso?

Hoje, uma das principais tendências de comunicação e produção de conteúdo é a verticalização dos vídeos.

Em 2017, o assunto foi tema do VidCon, o maior evento de vídeos e influenciadores do mundo. Você pode ler um pouco mais nesse link.

vídeos verticais

Eis que fica evidente o embate entre o mundo pré e pós mobile. O analógico e digital. O velho contra o novo.

A Rede Globo e Bonner pedem que as pessoas deixem de fazer o que estão cada vez mais acostumadas. Tudo isso, é claro, para sustentar o uso do conteúdo na televisão, seu principal produto.

Por um lado, podemos entender a tentativa de integração (o tio que quer participar da festa), por outro, é impossível não notar a falta de conexão da emissora com as novas realidades e comportamentos.

A gente assista à uma tentativa de empacotar o comportamento mobile das pessoas para funcionar dentro do canal de televisão.

A insistência na campanha dentro da campanha “faça vídeos na horizontal”, sugere que a emissora deva estar tendo trabalho ao filtrar os vídeos verticais.

Primeiro o Snapchat e, depois, os Stories do Instagram estão consolidando um novo paradigma de produção de conteúdo, cada vez mais vertical.

Para o artista plástico Antonio Peticov, “esses novos comportamentos, mais do que simples escolhas entre formatos [vertical ou horizontal], são uma questão de atitude”. 

O mundo invertido (ou vertical) acaba obrigando as grandes empresas de mídia a repensarem seus formatos.

No segundo semestre de 2016, o Facebook acrescentou a sua plataforma a possibilidade de publicação e compartilhamento de vídeos verticais; até ali, só eram aceitos os quadrados (formato 1:1). Um ano antes, o YouTube já havia lançado melhorias para rodar arquivos verticais em tela cheia (em aparelhos Android).

O Google liberou o formato do Stories dentro de seu projeto AMP (Accelerated Mobile Pages), passando a exibir conteúdo multimídia (imagens, vídeos e animações) de acordo com a pesquisa do usuário.

stories-google-vídeos-verticais
Print do novo formato do Google para resultado de busca

Google e Facebook estão pensando seriamente essa transição de formato. A Globo ainda tenta convencer as pessoas a gravarem vídeos na horizontal. Boa sorte para o Bonner.

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