O Pensamento digital é o oposto da lógica industrial. As diferenças entre eles evidenciam as transformações que estão acontecendo no mundo empresarial, nas relações humanas e na nossa percepção de mundo.

A linha de montagem é a referência perfeita para entender o pensamento industrial: linear, repetitivo, segmentado e previsível.

Não é difícil descobrir quando esse pensamento surgiu e se consolidou. É claro que estamos falando da Revolução Industrial nos séculos XVIII E XIX.

A linha de montagem é a base para o funcionamento da indústria. Um operário executa sua parte do trabalho e passa o produto adiante (linear). O operário sempre executa a mesma tarefa (repetitivo) e não se relaciona com pessoas distantes ou de outras áreas (segmentado). Por fim, sabemos exatamente como tudo começa e termina (previsível).

O pensamento industrial é linear porque acontece sempre em etapas. Uma tarefa acontece e a próxima vem logo a seguir. Há resistência com multipolaridade e com quem possui funções simultâneas.

O pensamento industrial é repetitivo porque propõe que uma mesma pessoa faça sempre a mesma tarefa e, quanto mais ela fizer, melhor será naquela atividade. É a lógica do especialista.

O pensamento industrial é segmentado porque cada tarefa é feita por uma pessoa ou por um grupo delas. As estruturas departamentalizadas ainda estão presentes nas grandes empresas. O fluxo entre as áreas é um desafio. Se não houver conexão por conta da linha de montagem, não há troca.

O pensamento industrial é previsível porque, assim como na linha de montagem, quando um produto entra na seu departamento, você já sabe como deve entregar. No final, todos os produtos devem ser iguais.

No livro “Vai Lá e Faz”, livro que inspirou esse post, o autor Tiago Mattos faz um paralelo entre o pensamento industrial e a educação que eu e você recebemos:

“Escola tem horário de entrada e saída. Como uma fábrica.
Tem apito para entrada e saída. Como uma fábrica.
Tem tarefas sistematicamente repetidas. Como uma fábrica.
Tem os estudantes distribuídos em linhas dentro da sala de aula. Como uma fábrica.
Tem o espelho de classe e o posicionamento definido.
Crescimento linear – série após série.
Disciplinas desconectadas.
Grupo de pessoas que diariamente convivem num mesmo espaço, sob supervisão permanente de uma autoridade.
Adestramento através do comando/controle”

É isso mesmo. A escola pode ser uma fábrica de pessoas para trabalhar em fábricas.

Pensamento Digital

A lógica industrial ainda permeia, sobretudo, as nossas relações de trabalho. No entanto, quando olhamos para o mundo atentamente, percebemos que este pensamento é cada vez mais raro.

Vivemos em um mundo de infindáveis transformações. Hoje, é preciso aprender a desaprender para reaprender. Sempre.

O pensamento digital é não linear. Os assuntos e atividades se misturam e recombinam. Mashups, Wikipedia, Ctrl C + Ctrl V, blogosfera, redes sociais… O mundo oferece tantas opções que sofremos com a crise de atenção. Quantas telas ao mesmo tempo? Quantas abas? Quantas tasks?

O pensamento digital também é multidisciplinar. Você não precisa mais ser uma coisa só. Menos rótulos, seres mais hipercomplexos. Você pode ser surfista, pagodeiro, rockeiro, skatista, empreendedor ou tudo que quiser.

O famoso estudo We All Want to Be Young da Box1824 já disse que, mais do que aceitar as diferenças, hoje nós queremos celebrá-las.

Lembrando que a multidisciplinaridade não é um polvo, que executa várias tarefas ao mesmo tempo, é um camaleão, que pode mudar e transformar suas atividades.

O pensamento digital também é conectado. Não conseguimos passar 24h longe da internet e temos dificuldade para ficar poucos minutos sem olhar as notificações do celular.

As pessoas são interfaces conectadas, que dão verdadeiros bugs quando estão sem sinal WiFi ou 3G/4G.

Por fim, o pensamento digital também é imprevisível. Celebridades surgem em minutos e movimentos aparecem diariamente. Você começa fazendo algo e não sabe como irá terminar.

Você faz faculdade de engenharia, mas decide mudar e trabalhar com comunicação. Você pode precisar dar uma guinada na sua empresa, com alguma novidade tecnológica que aparecerá amanhã.

Você precisa estar o tempo todo preparado para mudar e, mesmo quando você muda, tudo pode ser alterado novamente no dia seguinte.

O planejamento perdeu força. Como podemos fazer planejamentos estáticos para um mundo tão dinâmico?

Essa curva constante de mudança é a cara da internet e da lógica digital. Ela pode ser assustadora. É muito fácil perder o bonde (ou o trem bala) da mudança.

Tire o sapatinho e bota o pé no chão (vlw, Tia!). Se você quer pensar digital, é hora de desapegar do que já sabe e aprender a aprender o tempo todo.

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